Alex Silva de Ubatuba é Campeão da 2ª maior competição de MMA do mundo





ALEX SILVA  , LUTADOR - FAIXA PRETA DE JIU JITSU E 
LUTADOR  DE MMA (iMAGEM ARQUIVO UBATESPORTES 


January 28, 2018
Alex Silva, faixa preta de jiu-jítsu, é campeão do ONE Fighting Championship, em Singapura

Quando pensamos em MMA logo nos vem à cabeça o UFC, de Anderson Silva, ou o PRIDE, 
de Vanderlei Silva e Minotauro.  No Brasil, especialmente em Ubatuba, poucos conhecem o 
ONE FC, o 2º maior campeonato de MMA do mundo, disputado em Singapura, na Ásia. 
A luta usa, basicamente, as regras do PRIDE, os lutadores podem desferir golpes com os 
cotovelos e dar pisões no corpo e nas pernas do adversário. Exceto na cabeça, quando o 
oponente estiver com o corpo no chão. O alto grau de dificuldade da competição faz com 
que as lutas sejam muito duras, e os atletas se preparam muito para participar do evento.




Atualmente o brasileiro Alex Silva, de Ubatuba, detém o cinturão do peso palha (até 57kg) e
 conseguiu tal feito após derrotar, por decisão unânime, Yoshitaka Naito, que estava invicto 
até antes da luta.  Aos 35 anos, com 7 vitórias e 1 derrota, o atleta, caiçara, alcançou o topo. 
Eufórico e no embalo da grande vitória, falou conosco e contou detalhes da carreira de atleta de jiu-jítsu e, agora, atleta
 campeão.



Confira a entrevista

Portal Vale Litoral - Antes de falar da trajetória no ONE nos
 fale da trajetória no jiu-jítsu, o que 
te motivou a deixar Ubatuba, e como iniciou a carreira em 
Singapura?
Bom, comecei no jiu-jítsu no ano de 2000, inspirado no Royce Gracie. Lembro que alugava 
fitas de vídeo do UFC e ficava, mesmo sem entender muito bem, tentando aprender como ele 
finalizava adversários muito maiores do que ele. Foi assim que me interessei pelo esporte.
 Lembro que procurei uma academia aí em Ubatuba, fiz a matrícula, e nunca mais parei de 
treinar.
Eu deixei o Brasil e vim para Singapura através de convite. O Leandro “Brodinho”, também 
de Ubatuba, foi o primeiro a vir morar aqui e, como crescemos e treinávamos juntos, me 
convidou.  Assim que cheguei comecei a me dedicar ao MMA, foi assim que iniciei minha carreira aqui.


Enquanto morava em Ubatuba era professor e atleta competidor de jiu-jítsu. Como era 
desempenhar as duas funções, como eram os treinos?

Na verdade, me tornei professor por acaso. Eu seguia muito os passos do “Brodinho” e
 decidimos abrir uma academia. Nesse período as coisas foram acontecendo para ele. 
Ele começou a sair da cidade, ir para o Rio de Janeiro, Estados Unidos, e eu acabava 
ficando com a responsabilidade de cuidar da equipe, por ser o mais graduado. Até que
 um dia percebemos que ele estava mais ausente do que presente, já estava morando 
fora da cidade. Foi quando assumi de vez a função de professor. Foi muito difícil, eu 
trabalhava, cuidava da minha filha e, à noite, ia para a academia dar minhas aulas e treinar.
 Hoje estou aqui porque fui perseverante, as coisas são difíceis e temos que ter força de
 vontade.
Meus alunos sempre me falam que “gostariam de ser faixas pretas, dar aulas”. Ninguém 
nasce faixa preta, eu digo. Se hoje sou graduado, foi através de muito esforço. Trabalhava,
 treinava e competia. Lembro que quando consegui o título mundial na faixa marrom,
 aconteceu na época em que estava mais ocupado com a minha família. Era uma correria.
 Trabalhava e só conseguia treinar 4 vezes por semana. Muitas pessoas vinham até mim e 
me diziam “cara, como você vai conseguir ganhar, os lutadores que vão lutar contra você 
treinam 3 ou 4 vezes por dia”. Mas eu acreditava, sempre acreditei no meu potencial. 
Sempre coloquei Deus a frente de tudo e ele me abençoou. Hoje, graças a Deus, eu 
estou aqui e posso viver do esporte.

O treinamento de jiu-jítsu é muito forte e ter pessoas fortes como parceiros de treino é essencial. Como está sendo aí em Singapura?

O jiu-jítsu ainda é novidade em Singapura, começou há 10 anos. Estamos formando os primeiros faixas pretas. É difícil comparar com o nível do Brasil, mas acredito que, daqui alguns anos, estarão preparados e será muito bom. Nos Estados Unidos, por exemplo, que o jiu-jítsu está implantado há anos, tem lutadores “duros”, difíceis de serem batidos, isso vem com o tempo. Aqui, para treinar, o nível é bom. Somos em 10 faixas pretas, todos do Brasil. Treinamos duro e os resultados estão acontecendo.


Como está sendo sua vida em Singapura, os treinos, a adaptação no país e a 
alimentação? Você continua competindo jiu-jítsu?

Minha adaptação foi tranquila. É um país muito bom, onde tudo funciona. A criminalidade é 
praticamente zero. Foi muito fácil, até porque eu já tinha amigos que moravam aqui, o 
“Brodinho” e o Almiro, por exemplo. Na alimentação também foi tranquilo. Aqui encontramos 
todo tipo de comida, me alimento com as mesmas comidas que me alimentava no Brasil.
Minha vida de treino é bem corrida. Treinamos em 2 períodos, de manhã e de tarde. Dou de 
3 a 4 aulas por dia. Minha vida é assim. Acordo e fico o dia todo na academia e nos dias de
 folga passeamos um pouco. Mas o foco são as aulas e o treino.
Quanto as competições de jiu-jítsu, confesso que, desde que estou aqui, parei de lutar. Tenho
 o desejo de, em qualquer oportunidade, disputar o campeonato mundial na categoria sem 
kimono. Mas hoje estou muito focado no MMA.  Quero aprimorar o wrestling, a trocação, 
deixar o jiu-jítsu sempre afiado e assegurar o cinturão comigo por um bom tempo. Estou 
sempre treinando, estou sempre no tatame. Se aparecer a oportunidade de lutar jiu-jítsu, 
gostaria de lutar.


Fale um pouco do ONE. As pessoas, aqui em Ubatuba, conhecem pouco a competição. Quais as regras, como funciona?

O ONE FC é considerado o 2º maior evento de MMA do mundo. É uma competição muito forte. Os eventos acontecem no continente asiático, em Filipinas, Malásia e, agora, no Japão e Coréia. Está crescendo muito. As regras são diferentes do UFC, que as pessoas conhecem mais, aqui são utilizadas as regras do antigo PRIDE. Vale, joelhadas, chutes e cotoveladas, que no UFC é proibido. Outra diferença está nas categorias. Aqui a forma de pesagem é diferente e o corte de peso é proibido. Quando se aproxima os dias de competições, pesamos 3 dias durante a semana, 3 dias antes da 























luta e temos que estar hidratados. Existe o exame de urina que mostra o nível de hidratação.
Minha categoria vai até 57,5kg e durante os treinos tento ficar, no máximo, com 60kg. Assim,
 quando chega perto das competições, consigo, através de dieta baixa, chegar no peso ideal.
Acredito que a competição ganhará maior mídia no Brasil, parece que a Bandsports está 
transmitindo os eventos e, agora, terá maior repercussão. Em Ubatuba, agora que consegui
 o título, creio que as pessoas vão começar a acompanhar. Temos 3 brasileiros com o cinturão. O “Bibiano” Fernandes, eu e o Adriano Moraes, que está em uma categoria acima da minha. Estamos, graças a Deus, 
representando bem o Brasil nos eventos.


Fale um pouco do Alex competidor, sua trajetória até o título. Como está seu cartel de
 lutas?

Quando cheguei em Singapura comecei a praticar bastante o muay thai e wrestling. Disputei
 duas lutas em um evento pequeno, na Tailândia. Consegui vencer. Depois tive a chance de 
assinar com o ONE e perdi a luta de estreia por decisão dividida. Nesta época as categorias
 eram iguais as do UFC. As pessoas baixavam bastante o peso para lutar em categorias mais leves. Eu sempre fui uma pessoa de pouco peso e sempre lutei em categorias de até 57kg. Meu oponente, que na época baixou
 bastante o peso para lutar comigo, hoje em dia está brigando pelo título das categorias 
acima. Meu cartel no ONE é de 7 vitórias e 1 derrota, sendo 6 por finalização. Pelos números
 do ONE sou o lutador que mais finalizou oponentes. Minha última luta, que foi a do título,
 venci por decisão unânime.  


Fale um pouco do Alex, como pessoa, professor e lutador. Quais os planos para o futuro?

Sou cara bem tranquilo e humilde. Acredito muito em Deus e sei que tudo que temos vem
 através dele. Sempre que tenho a oportunidade de falar das coisas que conquistei eu falo 
de Deus, sei que tudo o que acontece em minha vida, acontece porque ele me abençoa. Sei 
que estando com Deus posso realizar os meus sonhos.  É ele quem coloca os sonhos em
 meu coração. Sou um cara de muita fé e procuro estar bem, espiritualmente falando.
Como pai de família é um pouco mais complicado. Minha filha mora em Ubatuba e é muito 
difícil vê-la. Nos vemos 1 ou 2 vezes por ano. Creio que é a vontade de Deus. Tudo o que 
estou conquistando é dela, todo o esforço é por ela. As vezes quando acordo, às 05h30, 
bate o cansaço e desmotivação. Aí lembro das pessoas pelas quais eu luto, é o que motiva.
 Procuro estar focado em Deus, na minha família, e lutar para realizar meus sonhos.






















































Como professor é tudo de bom. É muito bom fazer aquilo que gostamos. Estar todos os dias 
no tatame, transmitindo meu conhecimento do jiu-jítsu, me deixa muito feliz. É um imenso
 prazer ensinar a arte que mudou minha vida. Tudo o que eu tenho devo ao jiu-jitsu.
Com relação ao futuro, tenho planos de continuar aqui. Minha esposa é da Malásia, um lugar 
que gosto muito. Penso em me dedicar bastante nos próximos 5 anos e depois pensar o que 
fazer. Meu futuro está nas mãos de Deus ele sabe o que é melhor.  Estou vivendo o presente.


Alex, em nome das pessoas de Ubatuba te agradeço. Obrigado pela entrevista, por ter
 compartilhado a vida e a carreira conosco. Obrigado por ter nos dado a oportunidade 
de te conhecer melhor.  Creio que as pessoas que moram aqui em Ubatuba, e praticam
 o jiu-jítsu, se inspirarão em vocês para conseguir algo promissor no esporte.

O prazer foi meu. Fico muito feliz pela oportunidade de divulgar meu trabalho para Ubatuba
 e inspirar as pessoas. Que Deus abençoe a todos!








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