Pai de Filipinho, Ricardo Toledo contesta interferência polêmica: "Indignado"

Ricardinho Toledo comenta polêmica de Filipinho com juízes e cobra imparcialidade
Ricardinho Toledo comenta polêmica de Filipinho com juízes e cobra imparcialidade
Filipe Toledo ficou inconformado pela marcação de uma polêmica interferência na primeira onda da sua bateria pela terceira fase do Rio Pro. O brasileiro e o americano Kanoa Igarashi remaram para a mesma onda, e os juízes entenderam que o atleta de origem japonesa levou vantagem na remada para a esquerda, o que lhe daria a prioridade. 






O brasileiro acabou punido pelos juízes. Terminado o confronto, Filipinho saiu do mar inconformado e foi direto à área onde ficam os juízes para protestar contra a penalidade. O surfista precisou ser contido pelos seguranças ao tentar invadir a área reservada aos juízes, proibida para os atletas. Em sua casa em Saquarema, o pai e manager do surfista, Ricardo Toledo, comentou a situação e contestou a marcação que acabou gerando a eliminação do filho na etapa brasileira do Circuito Mundial de 2017.
Foi como uma gota d'água, uma etapa depois de Bells Beach, na Austrália, quando Filipe foi prejudicado no round 4 contra o havaiano Ezekiel Lau, que teve a sua interferência retirada, tomando para si a vitória que era dele. Ricardinho pediu mais consciência aos que julgam, cobrou imparcialidade e disse que Filipinho está desolado com a despedida precoce em Saquarema.
- Quando percebeu que o Kanoa tinha tomado uma direção na onda, o Filipe imediatamente puxa a sua prancha para fora da onda. O Kanoa pôde executar o drop fazer todo o percurso da sua onda. Em momento nenhum, o Filipe lesou o potencial de pontos do adversário. Eu achei a decisão muito precipitada, errônea e que tirou praticamente o Filipe do campeonato. Eu acho sinceramente que as pessoas precisam ter um pouquinho mais de consciência e seriedade ao julgar este tipo de coisa. Não está relacionado só a marcar uma interferência ou não. Está relacionado ao Tour, à disputa de título, patrocinadores, ao emocional que cada atleta responde de um jeito. As pessoas passam 10 longos meses fora da sua casa e da sua família, tentando fazer aquilo que gosta, mais aprecia e é sua paixão. E, de repente, acontece algo tão grotesco - disse Ricardinho.
Ricardinho vê penalidade e eliminação como maior punição
O pai do paulista de Ubatuba ainda lamentou que a natureza não ajudou após a penalidade. O mar ficou liso, sem ondas por cerca de 15 minutos, e o filho teve poucas chances de reação. Para o bicampeão brasileiro de surfe, a eliminação de Filipinho é a sua maior punição.
- Eu estou realmente indignado e muito triste com o que aconteceu. E o mais triste é porque é uma coisa atrás da outra justamente com o Filipe. Eu não estou aqui dando uma de chorão para ninguém, todo mundo está vendo o campeonato, passa no site da WSL, passa na televisão, passa em um monte de lugar. As pessoas vêem o que acontece. E não adianta virem falar que o cara está dando uma de chorão. Viram o que aconteceu em Bells (Beach, sobre a interferência que tirou a vitória de Filipe Toledo) e agora aconteceu de novo com ele, logo na primeira onda da bateria. Isto causou a saída dele do evento - destacou o pai do surfista.
Confira polêmica sobre a punição e a atitude de Filipe Toledo no Mundial de Surfe
Confira polêmica sobre a punição e a atitude de Filipe Toledo no Mundial de Surfe
Filipe Toledo invade área dos juízes para tomar satisfação sobre punição por interferência
Filipe Toledo invade área dos juízes para tomar satisfação sobre punição por interferência 
 
Gota d'água em Saquarema
Ricardinho explica que a reação do filho foi gerada por acúmulo de outras situações que já vinham incomodando há tempos. Ele citou a postura profissional do atleta radicado em San Clemente, na Califórnia, quando perdeu a sua vitória em Bells Beach após o protesto de Zeke Lau. Filipe deu uma entrevista à Liga Mundial de Surfe com um sorriso, algo que ele mesmo não sabe se conseguiria fazer no lugar do filho.
O ex-surfista acredita que a maior parte dos surfistas, principalmente, os brasileiros têm vontade de ir até aos juízes para discutirem sobre as notas, contudo, têm medo de punições.
- Ninguém tem sangue de barata. Chega uma hora que as pessoas se cansam de serem injustiçadas. O Filipe já passou por muitas situações. Muitas vezes, ele foi muito profissional, ele engoliu o choro, engoliu a seco e foi ali com um sorriso no rosto dar uma entrevista super profissional. Hoje, pelo jeito, ele cansou. Ele quis subir lá e mostrar a indignação dele e pedir uma explicação para as pessoas que são responsáveis por isso: que decisão foi essa tomada logo no início da bateria? Sendo que, em momento nenhum, ele atrapalhou o outro atleta. Eu acho natural, em um ponto em que não se aguenta mais sofrer essas injustiças e penalidades e ficar calado. 99% das pessoas ali, principalmente, os brasileiro, morrem de vontade de subir ali e falar um monte. Não falam porque tem medo, esta é a grande realidade. Eu acho que isto tem que ser feito com educação e consciência. Ele estava nervoso, mas ele quis subir ali para pedir explicações e ninguém deu explicação para ele. Ele saiu de lá mais injuriado do que quando ele subiu. 

Pai se preocupa com punição: multa ou suspensão
A punição de Filipinho pode varias de multa a uma suspensão. O francês Jeremy Flores, por exemplo, fez gestos obscenos para os juízes ao protestar contra uma nota ainda no mar em Jeffreys Bay, na África do Sul. A atitude o fez ser suspenso até o fim da temporada e ele só conseguiu a reclassificação pelo ranking de acesso na Tríplice Coroa Havaiana, em dezembro. Mais recentemente, o técnico de Zeke Lau, Jake Paterson, perdeu a cabeça na bateria do havaiano contra Filipinho e está em observação. Se cometer qualquer infração, ele será suspenso até o fim do ano.
Para Ricardinho, o julgamento leva em conta uma subjetividade que não necessariamente é imparcial e defendeu uma reciclagem no esporte.
- O surfe deveria passar por reciclagem contínua e periódica. Os juízes deveriam fazer essas atualizações com frequência para que, cada vez mais, esses erros não aconteçam. Eles têm que pensar que não é questão de darem interferência ou não, tem muita coisa envolvida. Eles precisam parar um pouquinho e ter mais consciência na hora de anotar uma interferência. Analisar com calma, voltar a bateria se for o caso, parar o evento, analisar e tomar a decisão final. É algo muito sério, as pessoas estão ali disputando, colocando o seu máximo, o seu coração no que está fazendo. De repente, vem alguém, as pessoas que se acham no direito de julgar daquela forma e o fazem. De repente, não é o mais justo, e o atleta vai carregar a consequência deste julgamento. Isso entristece. Ele está ali fazendo o melhor. O Filipe é muito competitivo, ele gosta muito do que ele faz, ele é muito guerreiro e eu vejo a decepção no rosto dele, as lágrimas dele muitas vezes quando acontece um tipo de coisa assim - afirmou. 


Ricardinho justifica reação
Segundo ele, o filho não teve uma atitude ríspida como outros atletas que sofreram consequências sérias. O manager revelou que o surfista está bastante chateado com tudo o que aconteceu. Um bom resultado na etapa brasileira do Tour era a grande meta de Filipinho.
- O Filipe está muito triste, pois coloca por terra tudo o que ele vai trabalhando e esperando. O Brasil é a joia de todo o time brasileiro, do Brazilian Storm, todos eles querem chegar aqui e fazer o melhor para o país e, de preferência, levar o título. De repente, acontece um fato como esse. Ele está muito triste, chateado, abatido e ele fica se perguntando: "Por que s[o comigo acontece isso?". Muitas vezes ele fica se perguntando. Será que eu não sou o cara bonzinho que fica babando o ovo de juiz? Eu não sou bonitinho que vai lá cumprimentar o juiz todas as vezes? Ele é profissional, ele é atleta, tem que julgar pelo que ele faz e não pelo que ele poderia ter feito. Ah, o Filipe faz muito mais do que isso, então, a nota dele tem que ser mais baixa, ele sabe fazer melhor... Não. Tem que julgar pelo que ele fez ali dentro da água com a camisa da cor que ele usar dentro dos 30 minutos de bateria. Isto tem que ser totalmente imparcial, não interessa quem seja - finalizou.
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Juiz explica interferência de Filipe Toledo em onda
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