Atleta de Ubatuba conta que fez baterias disputadas com americano, mas ainda não
o superou. Apaixonado por ondas grandes, Guigui é quase um local entre havaianos
Wiggolly é um "showman" nos tubos de Pipeline (Foto: Pedro Gomes Photography)
Ele ainda era criança quando se sentou na mesa de jantar com a família e avisou: "Quero ser surfista para viajar e conhecer o mundo". Aos sete anos, Wiggolly Dantas começou a cumprir a promessa. Saiu do país para surfar no Peru e nunca mais parou em casa. Hoje, o surfista de Ubatuba é um especialista em tubos e um dos mais respeitados na temida bancada de Pipeline pelos locais no Havaí. Apaixonado por ondas grandes, ele finalmente conseguiu um lugar ao sol na elite do surfe. Após assegurar a vaga entre os 32 melhores do mundo em Portugal, o quarto colocado do WQS (Divisão de Acesso) não vê a hora de enfrentar Kelly Slater, Mick Fanning, Joel Parkinson e Taj Burrow.
Será a sua primeira vez do surfista de 24 anos no Circuito dos Sonhos, e ele mal pode esperar para entrar em um mar gigante em Teahupoo, no Taiti, a mais temida bancada de corais do mundo, e em Cloudbreak, em Fiji. Desde a adolescência, ele passa longas temporadas na Austrália, na Europa e, principalmente, no Havaí, fato que o fez receber a alcunha de "Gringolly".
- Estou muito feliz por ter me garantido no WCT. Gosto de surfar ondas grandes desde pequeno e vai ser maravilhoso mostrar meu surfe em um dia de Fiji gigante, Teahupoo gigante. O WCT tem surfistas excelentes. Já disputei algumas baterias com o Kelly e o Fanning, acabei perdendo, mas agora quero vencê-los. Lembro de ter enfrentado o Kelly umas três vezes. Numa delas ele ganhou mesmo, mas as outras foram vitórias meio duvidosas, mas espero cair em algumas baterias com ele e surfar bem - disse o paulista, campeão mundial sub-16, na França, em 2005.
Frequentador assíduo do North Shore desde os 13 anos de idade, ele ganhou o respeito dos locais e está hospedado na casa de de Edward Rothman, o Fast Eddie, figura lendária do localismo havaiano e uma espécie de xerife na região, sendo um dos fundadores dos “Black Trunks” ou “Da Hui”. Vestidos de calções pretos, os surfistas mandam na costa norte com leis próprias, às vezes, usando violência (muitos são lutadores de jiu-jítsu), mas que mantêm a harmonia e a preservação das praias da costa norte.
Wiggolly é uma espécie de "showman" em Pipeline, a sua onda favorita. Os outros picos que gosta de surfar no Havaí são Off The Wall e Phantom. Na última semana, o surfista que usa o jiu-jítsu como parte de sua preparação viajou para a ilha de Maui, a fim de aproveitar um swell em Jaws, com ondas superiores a 20 pés.
- Vendo desde criança para o Havaí e me sinto muito à vontade aqui. Fiquei sabendo que vai rolar um swell em Maui e fui para lá. Sempre tive o foco de competição ou surfe de onda grande em tubos, então, a minha experiência no exterior foi muito proveitosa. Sempre passei muito tempo por aqui, seja competindo ou fazendo "free surf" (sem pressão por resultados, apenas por prazer) - contou Guigui
Natural de Itamambuca, em Ubatuba (SP), o atleta surfou pela primeira vez aos três anos e sempre fez da água o seu habitat natural. Desde criança, ele passa longas temporadas no Havaí, na Austrália e na Europa. Com o tempo, foi ganhando experiência e o respeito da comunidade do surfe. Guigui conta que os momentos mais difíceis em sua carreira foram os cinco anos em que competiu pela divisão de aceso (WQS) e ficou a poucas vagas do Circuito Mundial (WCT).
- Fiquei cinco anos no WQS por uma ou duas vagas e bati na trave várias vezes, deixando de entrar por uma ou duas posições. Sempre gostei de ficar perto dos surfistas do WCT para aprender e treinar fora do país. Foi isso que me ajudou a evoluir. Estou bem, tranquilo e agora é focar para ir para cima com tudo nos primeiros eventos.
Wiggolly vem de uma família de surfistas. No litoral paulista, ele deu os primeiros passos no esporte por influência do irmão mais velho, Wellington Carena, que hoje é seu treinador. Depois, veio a irmã, Suelen - bicampeã brasileira, e, agora, Wesley Dantas, de 16 anos, o mais novo atleta do clã. Guigui conta que deu uma prancha para o pai, José Dantas, quando ele já tinha 47 anos. O patriarca era o único que não praticava o esporte e não teve dificuldades em aprender.
- Obriguei meu pai a surfar (risos), todos os meus irmãos surfavam e só faltava ele. E hoje vejo que é a maior felicidade do mundo a gente surfar com meus três irmãos e o meu pai, ter a família toda dentro d'água. Não tem preço - finalizou.
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